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UM POUCO SOBRE OS AUTORES DAS MINHAS RESENHAS

rUBEM FONSECA

José Rubem Fonseca (Juiz de Fora, 11 de maio de 1925 – Rio de Janeiro, 15 de abril de 2020), foi um dos mais versáteis escritores da literatura contemporânea brasileira. Foi constista, romancista, ensaísta e roteirista, ganhador de inúmeros prêmios no Brasil e no exterior.

José Rubem Fonseca (Juiz de Fora, 11 de maio de 1925 – Rio de Janeiro, 15 de abril de 2020), foi um dos mais versáteis escritores da literatura contemporânea brasileira. Foi constista, romancista, ensaísta e roteirista, ganhador de inúmeros prêmios no Brasil e no exterior.
Filho de imigrantes portugueses nasceu em Minas Gerais, mas aos oito anos, após a falência do negócio familiar, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro.
Começou a ler muito cedo, aos quatro anos de idade, desde romances de aventura a policiais de autores renomados como Júlio Verne e Edgar Allan Poe e durante sua longa e profícua vida exerceu várias atividades profissionais. Aos 12 anos começou a trabalhar como office boy; formou-se em direito em 1948 especializando-se em direito penal; em 1952 trabalhou como comissário de polícia, no departamento de relações públicas em São Cristóvão, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro; em 1954 mudou-se para Nova York onde cursou Administração de Empresas; ao voltar ao Brasil foi professor de Administração Pública na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas; também foi executivo da Light, empresa de distribuição de energia elétrica.
Em 1963 publicou o seu primeiro livro, Os prisioneiros, uma coletânea de contos que logo chamou a atenção da crítica e do público. Em 1973 lançou o seu primeiro romance policial, O caso Morel, seguido de vários outros sucessos na sua proficiente e premiada carreira literária.
Autor de uma narrativa crua, cosmopolita e objetiva, Fonseca aborda a desigualdade social, a corrupção das elites e a impostura da sociedade com maestria e usa como cenário os grandes centros urbanos – quase sempre a cidade do Rio de Janeiro – com todos os seus estigmas sociais e violência. Seus personagens (prostitutas, cafetinas, golpistas, malandros, empregados subalternos, profissionais liberais, jovens insanos, empresários etc.) quer sejam do submundo, quer sejam proeminentes na sociedade, ricos em detalhes e complexidade humana dão vida e cor à narrativa realista. Alguns de seus livros foram censurados pelo regime militar (1964-1985).
Dentre as suas várias obras Rubem Fonseca escreveu alguns romances policiais. São eles:
O caso Morel (1973);
A grande arte (1983);
Buffo & Spallazani (1986);
Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988);
Agosto (1990);
O selvagem da ópera (1994);
E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto (1997);
O doente Molière (2000);
Diário de um fescenino (2003);
Mandrake, a Bíblia e a bengala (2005);
O seminarista (2009);
José (2011).

EDGAR ALLAN POE

Edgar Allan Poe (Boston, Massachusetts, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, Maryland, 7 de outubro de 1849), além de poeta, editor e crítico literário foi um dos primeiros escritores norte-americanos a escrever contos. Seu estilo literário gótico é associado ao romantismo sombrio caracterizado pela morbidez, pela melancolia, pelo grotesco e pelo destrutivo. Poe é considerado o criador do gênero ficção policial, do conto de terror moderno e precursor da ficção científica. Foi também um dos primeiros escritores norte-americanos do século XIX a ter mais notoriedade na Europa do que nos Estados Unidos

Edgar Allan Poe (Boston, Massachusetts, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, Maryland, 7 de outubro de 1849), além de poeta, editor e crítico literário foi um dos primeiros escritores norte-americanos a escrever contos. Seu estilo literário gótico é associado ao romantismo sombrio caracterizado pela morbidez, pela melancolia, pelo grotesco e pelo destrutivo. Poe é considerado o criador do gênero ficção policial, do conto de terror moderno e precursor da ficção científica. Foi também um dos primeiros escritores norte-americanos do século XIX que chegou a ter mais notoriedade na Europa do que nos Estados Unidos.

A breve vida de Edgar Allan Poe (1809-1849) foi marcada pela tragédia: abandono, doenças, mortes, desentendimentos e ruína material. De origem europeia (escocesa e irlandesa), o segundo de três filhos, nasceu em meio a artistas, cenários e figurinos, pois seus pais eram atores profissionais de uma companhia de teatro. O pai, David Poe Jr., abandonou a família, quando os dois filhos ainda eram bebês e a esposa Elizabeth estava grávida do terceiro filho do casal. Poucas semanas após o parto de seu terceiro filho, a menina Rosalie, a mãe veio a falecer devido a complicações da tuberculose. Os irmãos órfãos foram separados: William Henry, o mais velho, foi acolhido pela própria família no interior do país, Rosalie foi colocada no sistema para adoção e Edgar foi entregue informalmente ao casal Francis e John Allan. Embora a adoção nunca tenha sido formalizada, Edgar Poe recebeu o sobrenome do homem que o criou, o comerciante John Allan, e passou a chamar-se Edgar Allan Poe.

Ao passar ao convívio da família Allan, Edgar começou a desfrutar de uma vida de privilégios, principalmente uma educação diferenciada. Estudou em Londres (1815-1820) no período que a família morou na Inglaterra com o objetivo de expandir os negócios; quando a família Allan retornou à Virgínia, Edgar foi matriculado em um colégio interno em Charlottesville; aos 17 anos (1826) foi admitido na Universidade da Virgínia, porém devido a más condutas e a maus hábitos foi expulso da instituição pouco mais de um ano após o seu ingresso. Por causa da vida desregrada e de dívidas de jogo o pai rompeu o relacionamento com o filho adotivo privando-o das regalias as quais ele estava acostumado desde bebê. Sem ter para onde ir, em 1827 Edgar alistou-se nas forças armadas com o nome Edgar Allan Perry onde permaneceu apenas por dois anos quando foi dispensado. Nesta mesma época sua mãe adotiva, Francis Allan veio a falecer. A consternação da perda fez com que pai e filho se reconciliassem e John Allan usou a sua influência para auxiliar a entrada de Edgar na Academia Militar de West Point em Nova Iorque (1829). Porém, em consequência de seus atos, mais uma vez Edgar é expulso apenas dois anos depois de ter sido admitido na instituição. Dessa vez o relacionamento com seu pai foi rompido definitivamente. John Allan morreu em 1834.

Depois da expulsão de West Point em 1831 e do derradeiro desentendimento com seu pai, Edgar mudou-se para Baltimore onde foi morar na casa de uma tia viúva, Maria Clemm. Embora a essa altura Edgar já tivesse publicado dois livros: “Tamerlane and other Poems” (1827) e “Al Aaraaf” (1829) e ganhado um prêmio em dinheiro pelo conto “Manuscrito encontrado numa garrafa” (1833), passou a escrever ficção como meio de subsistência até que em 1835 passou a ser editor do jornal Southern Literary Messenger onde permaneceu até 1837. Além das mudanças constantes, Edgar Allan Poe também adorava criar uma confusão e quebrar os padrões. Em 1836 Edgar casou-se em segredo com sua prima em primeiro grau Virgínia Clemm à época com 13 anos. Em 1837 o casal mudou-se para Nova Iorque onde Edgar passou por um longo período de estagnação. Logo depois se mudaram para a Filadélfia, Pensilvânia onde em 1839 Edgar passou a ser o editor assistente da revista literária Burton’s Gentleman’s Magazine na qual publicou vários artigos, críticas literárias e teatrais. Foi nesse ano que Edgar Allan Poe publicou coletânea de contos em dois volumes “Tales of the Grotesque and Arabesque”, em português “Histórias Extraordinárias”. Apesar de a coleção ser considerada um marco da literatura norte-americana, foi um fracasso de vendas e nessa mesma época Vírginia Clemm Poe contraiu a tuberculose e veio a sucumbir pouco tempo depois, precocemente aos 25 anos (1848). Antes da morte de Virgínia, Edgar abandonou o cargo de editor na Filadélfia e retornou a Nova Iorque onde depois de alguns trabalhos menores conseguiu o cargo de editor no importante Broadway Journal (críticas literárias; críticas à arte, teatro e música; poesia; artigos sobre política). Porém a proposta intelectual do periódico atingia um público muito específico e como as contas não fechavam no fim do mês o jornal faliu publicando a sua última edição em 3 de janeiro de 1946. Após a falência do jornal o casal Poe mudou-se mais uma vez, dessa vez para um chalé no Bronx em busca de ar puro e conforto para a Sra. Poe já bastante doente. A casa é hoje aberta ao público e é conhecida como Poe Cottage onde Virgínia morreu apenas um ano após a mudança.

Antes do Broadway Journal, numa passagem fugaz pelo periódico Evening Mirror, EM 1845 Edgar publicou seu texto mais famoso, o poema narrativo “O corvo” (The raven), que embora à época não tenha sido lucrativo lhe conferiu grande notoriedade. Poe passou a ser uma das mais famosas celebridades literárias norte-americanas. A fama e o lugar de editor do Broadway Journal colocaram-no em lugar de destaque nos salões literários onde mesmo ainda sendo casado com Virgínia era cortejado por várias mulheres. E Poe protagonizou um triângulo amoroso muito público com sua esposa Virgínia Clemm Poe e a poeta Frances Sargent Osgood.

Após a morte de Virgínia, Edgar iniciou um relacionamento com a também poeta Sarah Helen Power Whitman, mas o relacionamento não vingou, dizem, por interferência da futura sogra devido ao comportamento instável e errático de Poe. O sentimento de abandono, a morte de todas as mulheres de sua vida – mãe biológica, mãe adotiva e esposa – e os sucessivos infortúnios financeiros levaram Edgar ao consumo excessivo de álcool e à decadência pessoal. O atormentado Poe chegou a tentar o suicídio por ingestão excessiva de láudano, mas foi malsucedido. Acabou então por regressar à Richmond, cidade onde residiam os seus pais adotivos quando o acolheram, reencontrou Sarah Elmira Royster, sua noiva na juventude que acabara de ficar viúva e retomou o relacionamento, mas Poe acabou por morrer antes de contrair seu segundo matrimônio.

A morte de Poe, tal como a maioria dos enredos de suas obras, foi envolvida em uma aura enigmática. Porém os detalhes e a causa da sua morte nunca foram esclarecidos. No início de outubro de 1849 Edgar Allan Poe é encontrado vagando pelas ruas de Baltimore maltrapilho e em estado delirante. Foi levado ao hospital e quatro dias depois, em 7 de outubro de 1849, veio a morrer com 40 anos. Como Edgar chegou a Baltimore? Por que? O que causou a sua morte repentina: tentativa de suicídio, tentativa de assassinato, consumo excessivo de álcool, cólera, raiva, sífilis, outras drogas? Teriam sido suas últimas palavras: “Lord, please, help my poor soul”? Mistério!

A obra de Edgar Allan Poe vem influenciando e inspirando poetas e escritores ao redor do mundo desde as primeiras décadas do século XIX. Entre muitos exemplos: o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), consumidor ávido e admirador das obras de Poe, que foi o responsável por traduções que se tornaram as edições definitivas na Europa; Jules Gabriel Verne (1828-1905), escritor francês de fantásticas obras de ficção; Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi o responsável pela tradução do famoso conto “O corvo” (1845) no Brasil; em Portugal o famoso poema foi traduzido por Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935); na Espanha o escritor gótico contemporâneo Carlos Ruiz Záfon (1964-2020), criador da tetralogia “O cemitério dos livros esquecidos” (2001, 2008, 2011 e 2016); entre muitos outros mundo afora.

Considerado o pioneiro da ficção policial, Edgar Allan Poe criou o detetive C. Auguste Dupin (C. de Chevalier de l’Ordre National de la Légion d’Honner, ou seja, Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra instituída por Napoleão Bonaparte em 1802). Dupin, além de ser o primeiro detetive da literatura, é o primeiro a usar a lógica dedutiva e métodos científicos para solucionar os seus casos. O personagem icônico abriu caminho para outros detetives do universo do gênero policial, por exemplo, o famoso detetive Sherlock Holmes (1887), personagem de romances e contos do médico e escritor escocês Arthur Ignacius Conan Doyle (1859-1930); Hercule Poirot (1920), detetive protagonista de vários livros da britânica Agatha Christi (1890-1976); Mandrake (1983), advogado com vocação de detetive do escritor brasileiro José Rubem Fonseca (1925-2020); Fredrika Bergman (2009) a burocrata que se revela uma excelente detetive nos livros da cientista política sueca Kristina Ohlsson (1979-); entre tantos outros.

Entre dezenas de contos, poemas e poesias é difícil destacar qual a melhor obra de Edgar Allan Poe. Quais as minhas preferidas? Os contos “Os assassinatos da Rua Morgue” (1841), “O mistério de Marie Rogêt” (1842), “A carta roubada” (1844) e o poema “O corvo” (1845).

Ah, mais uma curiosidade! O segundo conto policial de Edgar Alla Poe, “O mistério de Marie Rogêt” (1842), foi a primeira obra de ficção baseada num crime real. Poe utilizou tantos detalhes no conto que chegou a ser considerado suspeito de ter cometido a malfeitoria. Porém, por falta de provas conclusivas, acabou sendo inocentado. Nossa, que loucura!